“a pensão”, baseado no romance de Eça de Queirós “Os Maias”, 2022
carvão sobre tecido, 100x100cm
menção honrosa na Bienal de Gaia 2023
Inspirado no romance Os Maias, de Eça de Queirós, este desenho mergulha na Lisboa do século XIX, captando a atmosfera de uma elite ociosa e cosmopolita. A cena representa um desses espaços de camaradagem masculina, onde Carlos da Maia e seus amigos se reuniam para partilhar conversas intelectuais, lembranças de viagens e encontros fugazes.
O uso do carvão reforça a ambiência nebulosa e melancólica, sugerindo a efemeridade desse estilo de vida: noites que se dissolvem no tempo, relações que não se aprofundam, uma existência fluida entre Lisboa, Paris e a quinta de família. A composição, marcada por fortes contrastes de luz e sombra, evoca a dualidade entre a cultura e o vazio, entre o privilégio e a falta de propósito.
A figura solitária, de expressão vaga, parece perdida entre os objetos da cena – uma mesa, uma cadeira, sombras geométricas que sugerem presenças ausentes. A inclinação dos planos e a perspectiva fragmentada criam um sentido de desorientação, refletindo o caráter transitório dessas vivências.
"A Pensão" não é apenas um retrato de um espaço físico, mas de um estado de espírito: o jovem que tudo tem, mas a quem falta o essencial.
