“o eleito”, baseado no romance de Thomas Mann “O Eleito”, 1996
aguarela sobre papel, 70x102cm
Esta pintura inspira-se no romance O Eleito, de Thomas Mann, e traduz, através da aguarela, a jornada de um homem cuja vida atravessa diferentes mundos, marcando a sua transformação espiritual e social.
O quadro estrutura-se em cenas interligadas, evocando momentos fundamentais da narrativa: a origem humilde do protagonista, filho de pescadores; a fase de clausura num convento, onde o espaço sagrado e o jardim remetem para a introspeção e a fé; a viagem pelo mundo, símbolo da aprendizagem e do contacto com novas realidades; e, por fim, o reencontro com a mãe, já como papa, onde o poder religioso se impõe, mas os laços afetivos permanecem.
As formas sobrepõem-se e diluem-se, criando uma sensação de movimento e passagem no tempo. As cores suaves, aplicadas em camadas leves, reforçam a ideia de memória e transformação, como se a história fosse contada através de fragmentos que se entrelaçam.
"O homem pode errar, pode ser tragado pelo abismo da sua culpa e do seu destino, mas há um fio de ouro, invisível e inexplicável, que o pode trazer de volta, transformado pela experiência do sofrimento e da redenção." (Thomas Mann, O Eleito)
A pintura não ilustra apenas a história, mas reinventa-a em imagem, convidando o observador a percorrer este caminho simbólico, onde cada elemento se entrelaça numa narrativa visual de ascensão e transformação.